Cachorro da raça Shiba sorrindo de satisfaçãoundefined

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Silent Hill 2: Terror que pode nos Tornar mais Humanos?

Após ter escolhido este título do terror e procurado aproveitá-lo ao máximo até seu fim, passei a perceber que ainda restavam ideias a serem melhores processadas acerca desta obra, além das mudanças que podem gerar na percepção do jogador acerca do mundo.
As mudanças que senti foram a inspiração para este texto.

“In my restless dreams... I see that town”

Todo aventureiro corajoso que chegou até um dos 6 finais deste jogo, deve ainda se arrepiar apenas ao ler essa linha. A eterna marca que esta saga deixou no mundo dos jogos, com sua neblina inesquecível, monstros criativos, aterrorizantes e a sonorização que vem no pacote ainda será citada por muitos anos, porém hoje esse não será o foco aqui.

Procurando ir além da famosa ideia medonha do jogo e focando na experiência causada no coração e mente de um jovem de qualquer idade, que curioso por terror nem um trailer dele consumiu e partiu logo para o console, surpreendendo-se.
Essa surpresa que será nosso foco.

Além da Sinopse

Após uma lida sobre o jogo, sabemos que James, nosso protagonista, não se resolveu mentalmente sobre o fato de sua amada esposa ter falecido há anos de uma doença incurável. Assim aceitando até a possibilidade dela estar viva e enviando-o cartas, chamando-o para o Lugar Especial onde passaram férias.
E aqui entra a Colina Silenciosa (famosa Silent Hill).

Com isso podemos concluir que além de muito corajoso e apaixonado, nosso “herói” leva algo sério consigo que se manteve todo esse tempo sem solução. Talvez um arrependimento de não ter ficado mais com sua amada ou uma culpa por não ter tentado mais salvá-la.

Tornando claro que a aparência de simples jogo assustador está só na capa e este pode nos emergir e comover emocionalmente com fortes questões.

James olhando no espelho
Possível checagem onironauta de realidade feito por James

Fortes Questões

Analisando parte da experiência por alto, vemos que a impressionante atuação nos coloca em contato com pessoas que sofreram com bullying, abuso e violência que unido à falta de ajuda tornou-se um dos contribuintes para quadros de depressão, doenças mentais, descontrole emocional e agressividade.

Apenas essa parte já é uma aula de empatia que coloca o julgamento do jogador em teste: saberá como agir se alguém precisar de ajuda não sabendo mais como pedir?
Seguido de exemplos de comentários julgadores comumente ditos sem perceber:

“Você é igual a mim. É mais fácil apenas correr. E também, é isso que merecemos.”
- personagem com ideias suicidas

“Não! Eu não sou como você.”
- James (se afastando, ao invés de apresentar argumentos e apoio)

Algumas frases parecem inocentes, mas podem ser interpretadas de forma imprevisível por alguém abalado. Assim como em uma das mais expressivas cenas, onde uma simples aproximação até alguém traumatizado ativou seus mecanismos de defesa.

O conceito de empatia que buscamos trabalhar baseado nessas experiências, vai além de fazer comentários esperando que a pessoa acesse nossa percepção dos problemas.

Consiste em oferecer uma presença capaz de aliviar a realidade alheia, vendo-a com valores humanitários desprovidos de julgamentos.

Existe um Cachorro Shiba no final?

Shiba Inu em Silent Hill
Sempre ao seu lado Melhor amigo ou vigia do homem?

Assim como esse animalzinho já usado para caça pode ser adorável, nem uma obra de terror psicológico precisa ser focada apenas no medo. O que ilustra que até a maior tensão pode ter fim em uma surpreendente e curiosa diversão, dependendo de escolhas que fazemos em nossa história.

Pela existência desse contraste, inspiração e outros que Colina Silenciosa 2 é estudo de caso até de psicologia em tempos recentes, motivando obras atuais pela complexidade. Algumas conseguem reproduzir bem parte do original, tal assunto pode inspirar um futuro texto.

Como exemplo de uma das ideias aparecendo em outras obras, clássico terror de espíritos comumente envolve a não resolução de algo em vida, tornando o mesmo confuso e obrigado a vagar até entender o que precisa perdoar e deixar para trás.
Ideia essa que recebe nova versão no jogo.

Também vemos momentos nos quais apenas alguém que já tem problemas pode ajudar o outro, importante nisso é tomarmos qualquer dificuldade como experiência para poder auxiliar pessoas, pois oferecer suporte nos dá a maior realização na vida.
Realização essa que sentimos quando escrevemos textos assim, por exemplo.

No final, essa obra traz uma reflexão: o foco não deve estar em ter pena de si mesmo ao fazer algo errado, será que o poder de esquecer mudará o erro?
Ou ter consciência e se perdoar que o fará?


A Sutil Arte de Esconder Spoilers

Talvez para o caro leitor tão experiente que joga SH2 no secreto nível Extra, parece que isso foi escrito por quem não jogou o jogo o suficiente para saber o enredo em detalhes.
Se está sentindo algo parecido, o clima até aqui vai além do qual me motivou a jogar.

Existem pilhas de dados, análises e explicações até sobre o código do nosso querido na internet, em uma obra tão interpretativa e sem um único final canônico é desnecessário escrever demais sobre o enredo.
Melhor oferecer que o leitor experiencie por si mesmo.

Se o consagrado leitor ainda não jogou:

  1. Bem-aventurado quem transcende o medo e evolui.
  2. Jogue de fone.
  3. Se és do time de Deus, nada temerás.
Utilidade dos monstros é instigar a parte de nossa mente que está muito acomodada com sua realidade.

Mas Se Já Jogou (Spoilers)

Um resumão de dados interpretativos:

  • Vemos um James sem consciência de medo e emoções, por ter perdido-os em sua falsa realidade gerada no trauma de tirar a vida de quem amava.
  • Em diversos documentos é insinuado que o foco da produção do jogo era no final In Water, assim como Mary já estaria no carro, mas invisível nessa realidade.
  • A cidade usa nossos medos e problemas pessoais para criar monstros físicos.
  • A realidade na cidade é moldada para o visitante, o tranquilo caminhar de Laura prova isso.
  • Dispensando análises do significado de cada monstro, todos são os mais perturbadores que os gráficos permitiram para provocar a percepção de algo errado em nós mesmos, dando oportunidade para tomar providência.
  • Se deseja aprender mais profundamente, há ótimas explicações detalhadas como a tradução do livro Lost Memories na seção de downloads do site Silent Hill NetAbrir em nova aba.
  • Em 2006 foi lançada uma romantização japonesaAbrir em nova aba(tradução em inglês) não oficial de todo o jogo, continua sendo uma boa e ampliada interpretação.
  • Desconfia do seu inglês? Não desanime, em texto futuro poderei escrever sobre meios de otimizar o aprendizado do inglês, assim você pode contribuir com páginas como a WikiAbrir em nova aba.

Agradeço imensamente por participar de vosso tempo de leitura.
Até a próxima!